O Dobro Ou Nada

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(Lay the Favorite – Stephen Frears – 2012)

Vocês lembram a uns posts atrás em que eu estava falando de minha inimiga, que me recuso a falar o nome (@marcellemml, sigam ela no twitter)? Então, ela se vingou e a intensidade de sua vingança foi tão enorme que estou sofrendo consequências até agora. A primeira delas foi a falta de internet durante 3 semanas, pois minha inimiga é fluente e conseguiu impedir todos os meus pagamentos, e a segunda parte da vingança foi ter me obrigado a assistir e escrever sobre O Dobro Ou Nada.

O Dobro Ou Nada se trata da ex-stripper Beth Raymer que cansou de esfregar a xavasca em velhos caipiras com cara de sujo e resolveu viajar até Las Vegas atrás do seu emprego dos sonhos, o de garçonete.

pode vir,mas vai se foder

pode vir,mas vai se foder

Porém Beth, conheceu Dink, agenciador e viciado em apostas, o que acaba desencadeando o vício de Beth. Como consequência de seu novo emprego, Beth tem de lidar com a esposa troféu de Dink, Tulip e seu temperamento difícil ao perder suas apostas milionárias.

A verdade é que O Dobro ou Nada é um dos filmes mais desinteressantes e desnecessários que já assisti em minha pobre vida. Nada interessa, nem o roteiro, nem a direção preguiçosíssima de Stephen Frears e o elenco todo cagado, onde nem a vida da protagonista (que é real) devia ser transformado em livro, muito menos em filme.

Do elenco, quase ninguém salva, são atores que podem facilmente fazer mais, porém preferem a caricatura. Catherine Zeta Jones é de matar de vergonha, eu me recuso a citar Vince Vaughn, e Rebecca Hall merece muito mais que uma senhorinha retardada que come cabelo quando ficar nervosa. John McCl…Bruce Willis é o único que faz o mínimo de esforço pra sair bem na fita, porém é tudo tão zoado que nem Bruce McClane com suas explosões mirabolantes conseguiriam salvar essa desgraça de filme do limbo.

to nessa merda doido pra explodir um helicoptero

to nessa merda doido pra explodir um helicoptero

E chegamos a Stephen Frears, que há 24 anos dirigia um dos melhores filmes de todos os tempos, uma das adaptações mais difíceis e bem feitas e com um elenco absolutamente afiado, e anos depois dirige um dos piores filmes que já vi, numa das adaptações mais inúteis da história com um dos elencos mais fora de tom do mundo e com essa consideração, eu deixo aqui a opinião de Glenn Close sobre essa atitude vexaminosa de Stephen Frears.

Resumindo, eu to aqui implorando à Rainha da Inglaterra, à Isabelle Merteuil e à Lilly Dillon o meu tempo perdido de volta.

NOTA LEANDRO FERREIRA : 2 pelo esforço do Bruce Willis

MÉDIA CLAIRE DANES DO SHITCHAT : Claire está devastada por Stephen Frears estar se sujeitando a filmes tão cretinos

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Duro de Matar – 5: Um Bom Dia para Morrer

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The things we do for our kids!
(A Good Day to Die Hard. Dir. John Moore)

Depois de tanta testosterona na #MaratonaMacho, as queridas do Shitchat já estavam cansadas de tanto tiro e explosão e foram ver um DVD da Barbra Streisand. Coube a mim, mais uma vez provando que sou o verdadeiro macho desse blog, escrever sobre Duro de Matar – 5: Um Bom Dia Para Morrer.

Depois de quatro filmes explodindo, atirando e xingando a todos, a grande pergunta é se John McClane ainda é capaz de render trama para mais um filme. A resposta é: sim e não. Duro de Matar 5 mantém o humor da franquia, tem explosões, mas algumas falhas impedem que ele seja a diversão crocante que é esperada de um Duro de Matar.

Assim como no primeiro, segundo e quarto filmes da série, a coisa é pessoal nesse quinto Duro de Matar. John McClane já salvou e destruiu seu casamento, salvou sua relação com a filha, mas quem corre risco dessa vez é John McClane Jr. Ao descobrir que o filho está preso em Moscou, acusado de assassinato, o personagem de Bruce Willis decide tirar umas férias na capital russa. As coisas tomam proporções maiores quando McClane descobre que o filho é um agente da CIA, e tudo não passou de um plano para resgatar um preso político opositor do governo russo.

de boua ouvindo bossa nova

de boua ouvindo bossa nova

E é aí que começam as falhas em Duro de Matar – 5. É virada atrás de virada, e para um filme com 90 minutos, não sobra muito tempo para desenvolver as reviravoltas da trama, ficando a impressão que as viradas são causadas pelas circunstâncias. O paralelo entre as relações pai-e-filho dos McClane e do Komarov com a filha é uma comparação que poderia ser interessante, mas que acaba caindo nos clichês de sempre.

A química entre os personagens, que sempre foi forte, dessa vez, falhou. Jai Courtney é um robô em cena, e a gente acaba torcendo pelo seu personagem apenas porque ele é o filho de John McClane. A transição que o personagem de Sebastian Koch sofre é mal conduzida, mas a culpa não é apenas do ator. A Mary Elizabeth Winstead aparece pouco, inclusive o filme se sustentaria sem ela. Sua presença é só para repetir a pergunta de Duro de Matar 4: cadê Bonnie Bedelia? Yuliya Snigir é a cota gostosa, e nada mais (mas, sério, alguém espera algo mais?). E tem Bruce Willis, que carrega o filme nas costas, bem mais que nos anteriores.

melhor uma daddy issue que complexo de Édipo

melhor uma daddy issue que complexo de Édipo

Mas, Duro de Matar – 5 não deixa de ser divertido. Tem as explosões, tiros, carros sendo destruídos – sério, nunca vi tanto carro ser destruído de uma vez -, e por mais que as viradas sejam mal desenvolvidas, o filme não é cansativo. E algo que me chama a atenção desde o primeiro filme é como as informações não são desperdiçadas. Da piscina até algo que um personagem menciona, pelo menos não há desperdício de cenas com inutilidades. As auto referências e as referências à época em que a série começou são bem utilizadas, e não algo gratuito. Duro de Matar – 5 pode ser o mais fraco da franquia, mas ainda vala a pena ver John McClane explodindo o mundo para salvar alguém que ama.

pelo menos nenhum desses carros é meu

pelo menos nenhum desses carros é meu

ANTES: Duro de Matar 4.0

NOTA MARCELLE MACHADO: 6,0

Média Claire Danes do Shitchat: AIMEUDEUS, A CLAIRE FOI VÍTIMA DE UM ATENTADO, CHAMEM JOHN MCCLANE!!

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Indomável Sonhadora

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(Beasts of the Southern Wild, Dir. Benh Zeitlin)

Não vou mentir pra vocês não. O Blog está me chantageando de uma forma piranhamente baixa para eu escrever este texto, do qual eu estava fugindo desde antes de o próprio Blog existir. O motivo de eu estar correndo de Indomável Sonhadora mais do que cachorro que invade jogo de futebol é muito simples: nhé.

Vi muita gente falando bem do filme e concordei com a maior parte do que me foi dito. Também vi muita gente falando mal e também concordei com quase tudo. Sério, tá foda. Mas, vamos lá que eu vou conseguir fazer um texto decente. Who’s the man?

BotSW traz uma menininha fofinha descabeladinha gracinha sujinha chamada Hushpuppy, que mora num lugar horrível chamado Niterói The Bathtub com um monte de gente bêbada ignorante e horrorosa, incluindo seu pai, Wink, que está morrendo. Uma tempestade se aproxima da Bathtub (em nenhum momento eles dizem, mas tenho quase certeza que é o furacão Katrina ou algo de proporções semelhantes) e alguns moradores resolvem ficar no lugar, apesar do perigo.

O roteiro, escrito pelo diretor estreante Benh Zeitlin junto com Lucy Alibar, é meio babaca. O tempo inteiro faz Hushpuppy filosofar em voice-over como se fosse Herzog no filme maneiro da caverna. A diferença é que ela não é Herzog. E tem seis anos. O esforço da dupla em fazer algo poético, no fim, só soa tosco. As personagens também são bastante mal escritas e se sustentam no estereótipo do caipira burro e não civilizado.

Como vai, Galisteu?

Como vai, Galisteu?

O diretor também faz umas cagadas sem a ajuda de ninguém. A principal delas me irrita dum jeito que até parece que é de propósito. Eu entendo a ideia por trás daquela shaky cam (a Bathtub é um organismo vivo, elétrico, iluminado, pulsante etc), mas, cara, tudo tem limite. É o tempo inteiro aquela bosta balangando que quase não dá pra assistir ao treco direito. Também odeio que ele é o cara do Grizzly Bear.

Step down just once learn how to stop shaking

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Só que o filme também tem aspectos positivos. O próprio Zeitlin acerta no pingolho quando faz questão de apresentar o filme pelo ponto de vista da menina, o que justifica o tom fantasioso e explica o porquê de parecer que está tudo OK no, hm, estilo paterno de Wink. Visualmente, também não se pode reclamar de nada, e a fotografia de Ben Richardson, quando não perde o spotlight para a ridícula shaky cam, é um dos dois pontos altos de BotSW.

O outro é a dupla principal. Quvenzhané Wallis (pior nome, af) segura bem o filme quando é exigida e quase – eu disse quase – me fez perdoar frases como “quando tudo fica quieto atrás de meus olhos, eu vejo tudo que me fez voar por aí em pedaços invisíveis” (WTFFFF). Dwight Henry, também estreante, merecia um reconhecimento muito maior do que teve. Talvez se ele tivesse nove anos, quem sabe?

:(

😦

Então é isso. Obrigado pela sua compreensão e espero que você tenha entendido mais ou menos o que eu tentei dizer aqui hoje. Caso não tenha entendido porra nenhuma, guarde sua opinião pra você, falou? (mentira, pode me humilhar nos comentários). Abraços.

NOTA FELIPE ROCHA: 7

Alexandre Alves: 0 (wtf, também não entendi)
Leandro Ferreira : 7.5
Tiago Lipka: 7,5

MÉDIA CLAIRE DANES DO SHITCHAT: 5,5 – emputeceu-se Clayre

Duro de Matar 4.0

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(Live Free or Die Hard, Dir. Len Wiseman)

Quando o blog resolveu virar macho e fazer maratona Duro de Matar, eu logo me empolguei. Sou muito fã do primeiro filme, e acho que consegue equilibrar muito bem a ação com os diálogos fodas e frases de efeito épicas. E por mais que as continuações não tenham alcançado o mesmo nível, nunca vou achar ruim ver John McClane porra louca destruindo todos os vilões das maneiras mais absurdas possíveis.

<3

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Por que, no fim, é para isso que a gente assiste Duro de Matar. Sempre vai ter um vilão psicopata, e a polícia sempre será incompetente – no 4.0, o FBI, com helicópteros e toda a tecnologia, só chega no local depois que John já se livrou de todo mundo, inclusive dando um tiro em si mesmo para se livrar do vilão principal. Se eu fosse ele, acabava com o FBI ali também, por que ô pessoalzinho inútil. Inclusive a vilanice do malvado e sem chapéu de cowboy Raylan Givens é fazer o que os hackers chamam de “fire sale”, que seria, no caso, resetar toda a sociedade americana. Delícia. Melhor que isso só se fosse a fire sale de Tobias Fünke.

A diferença principal em Duro de Matar 4.0 é John McClane. Mais amargo, sem a mulher e com uma relação distante com os filhos, às vezes parece que ele não tem nada a perder – e talvez por isso suas ações estejam mais inverossímeis e ao mesmo tempo maravilhosas. Isso sempre foi um traço do personagem, que nunca pareceu saber tratar sua vida pessoal com o mesmo sucesso em que cuidava de bandidos. Mas no quarto filme da franquia, John parece ainda mais medíocre sob esse aspecto, embora ainda consiga falar suas frases de efeito nos momentos certos e dar uma boa gargalhada psicótica ao derrubar a Nikita no poço de um elevador. É ou não é um personagem delicioso de assistir?

.

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Como aconteceu em Duro de Matar – A Vingança, McClane ganhou um parceiro (que é a cara do @btapajos, aliás). Juntos, os dois precisam salvar o mundo todo do terrorismo virtual, uma arma suficientemente poderosa que pode transformar o país todo em um caos. Embora tenha sido interessante que a motivação do personagem seja algo diferente do que resgatar alguém de sua família, no final ele precisava salvar a filha que o odiava. Algumas coisas ainda permanecem iguais para McClane.

Até porque ser pai de <3 Ramoninha Flowers <3 não deve ser fácil

Até porque ser pai de ❤ Ramoninha Flowers ❤ não deve ser fácil

A dinâmica entre ele e o gênio nerd da tecnologia até que funciona bem, se engolirmos a história de que ele não conseguia ser um herói e no fim conseguiu e blablá. Mas no final, o que conta mesmo é a diversão que John proporciona ao usar hidrantes, extintores de incêndios e tudo o que estiver pela frente para matar os inimigos. Uma hora ele está num túnel derrubando um helicóptero com um carro, outra hora ele está na asa de um avião. Como não amar John McClane e se entusiasmar com o novo filme da franquia desse jeito?

ANTES: Duro de Matar – A Vingança
DEPOIS: Duro de Matar 5 – Um Bom Dia Para Morrer

NOTA DIERLI SANTOS: 8

Felipe Rocha: 7,5
Marcelle Machado: 8,0
Tiago Lipka: 7,0
Wallyson Soares: 8,0

Média Claire Danes do Shitchat: 7,7

Duro de Matar – A Vingança

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(Die Hard: With a Vengeance, Dir. John McTiernan)

Engraçado que antes de o Blog nos passar a tarefa de assistir a todos os Die Hard, eu só tinha visto este Die Hard: With a Vengeance uma vez, certamente num intervalo em minha árdua missão de levar meu Caterpie Angela ao Lv. 100 no Pokémon Crystal. Lembro que havia gostado bastante, não sei se pelo fato de que as crianças do filme foram liberadas da escola e puderam sair correndo pela rua ou se era só esse amor que eu sinto em ver coisas explodindo. Provavelmente os dois. Fato é que fui ver agora pela segunda vez e OMG EU ESTAVA ERRADO.

Sério, foram duas horas sofridas nessa minha vida – e olha que na minha escola a gente tinha aula de RESISTÊNCIA DO CONCRETO e INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS. O negócio é que o filme em si não difere muito das duas delícias anteriores: tem um retardado loucaço da buceta fazendo merdas e matando gente e explodindo as paradas e John McClane tem que pegar o puto.  Desta vez, no entanto, resolveram que esse treco de one-man-army estava meio ultrapassado e Bruce Willis ganhou um companheiro.

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Aparentemente alguém teve a brilhante ideia de dar um amigo ao McClane e esse amigo é justamente a pessoa mais intragável do cinema. Die Hard é bom até quando é ruim justamente por ser divertido, o que não é o caso deste DH3 pois Samuel L. Jackson SUGA CADA GOTA DE FELICIDADE PRESENTE EM NOSSOS CORPOS CADA VEZ QUE ABRE A BOCA. Seja com sua estereotipadíssima representação de “homem negro pobre comum” ou suas duas mil frases racistas, Samu mata o filme.

Mas não é só culpa dele. A maior parte das reclamações em torno do segundo filme tem a ver com as referências que ele faz ao primeiro. Não acho que necessariamente o problema são as referências, mas sim como elas são usadas. É tudo muito forçado etc, mas isso é papo pro texto anterior. O meu ponto é que lá exageraram nas menções e aqui simplesmente ignoram tudo. DH3 é completamente desconexo.

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Tá, você nesse momento tá aí sentado em sua cadeira Office Presidente Plus comprada nas Casas Bahia em 10 vezes sem juros espumando como se fosse um personagem de série do Ryan Murphy de tanta raiva do que eu disse no parágrafo acima, uma vez que a porra do filme inteiro é sobre o irmão do Snape querendo se vingar pelo que o Bruce fez no primeiro filme. Você está meio-certo nessa aí, colego. Tem isso sim, mas isso soa muito mais como uma desculpa pra te lembrar que você está de fato assistindo a um Die Hard do que uma info que move a narrativa. Porque, pensa aí: eles serem irmãos ou o cara ser só um fã do McCLane ou qualquer outra palhaçada teria o mesmo efeito para o todo.

Até porque, por mais que o nome do filme me desminta, a motivação do vilão definitivamente passa longe de vingança. Ele quer é dinheiro e essa pode ser que seja uma referência um pouco mais sutil ao primeiro filme (“depois de toda a sua pose e seus discursos, você não passa de um ladrãozinho comum”, disse Bonnie Bedelia lá no DH original esta frase que se aplica também ao terceiro longa). Ficar rico é o objetivo, matar o McClane é algo que ele vai fazer se der, o que enfraquece uma personagem que tinha tudo pra ser fodíssima, até porque o ator que a interpreta é um ídolo meu.

ROGER DALTREY!!!!!!!!

ROGER DALTREY!!!!!!!!

Mas DH3 tem algumas coisas legais. Toda a sequência da explosão no metrô é do caralho e, quando não está sendo atrapalhado pelo Samuel L. Jackson, o John McCLane de Bruce Willis ainda consegue ser maneiro. Sem contar que não importa o quão cu seja, um Die Hard sempre vai ter mortes lindas, tipo o cara sendo cortado ao meio no navio.

<3

Dado o tamanho deste texto, acho que perdi meu poder de síntese, então não vou nem comentar o quão aleatório foi colocar o John como um bêbado lá no ínicio (WTF) ou a falta de Camille Braverman neste filme. No entanto, como você pode notar nas notas abaixo, DH3 (meio que) funciona para muita gente, então foda-se eu.

ANTES: Duro de Matar – 2
DEPOIS: Duro de Matar 4.0

NOTA FELIPE ROCHA: 4,0

Alexandre Alves: 7,0
Dierli Santos: 6,5
Marcelle Machado: 7,0
Tiago Lipka: 6,0
Wallyson Soares: 7,5

MÉDIA CLAIRE DANES DO SHITCHAT: 6,333333333 – ficou mei puta a Cleir com esse filme, tadinha

Duro de Matar 2

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Motherfuckin’ motherfucker!
(Die Hard 2, 1990. Dir Renny Harlin)

Em 1988, Duro de Matar fez um explosivo sucesso, e antecipando uma tendência que atingiria o mundo no século XXI, os estúdios decidem que estragar apenas um Natal de John McClane é pouco, e decidem que o policial mais desbocado de Los Angeles merece sofrer mais um pouco.

O cenário escolhido para a ação é o aeroporto de Washington, que irá receber um ditador extraditado que tem seus fãs que farão o impossível para ele não ser julgado. No mesmo local, John McClane aguarda Holly chegar de Los Angeles, mas a vida dela corre risco quando os terroristas assumem o controle do aeroporto. E novamente a motivação para o personagem de Bruce Willis é impedir que sua amada morra, e novamente temos um vilão com sotaque, e novamente temos as mesmas críticas à mídia sensacionalista, e deu pra entender qual o grande problema do filme: o excesso de referência ao primeiro filme. É comum e esperado que sequências tenham uma ligação com o filme anterior, mas em Duro de Matar 2, as referências, elas são extrapoladas. Ainda melhor que falta de referências, mas isso é caso para outra crítica.

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O roteiro não incomoda apenas com o excesso de referências. Um grupo de militares realmente fechariam um aeroporto para resgatar um ditador e fugir do país? Eles realmente acham que conseguiriam escapar? John McClane percebe que algo está errado por causa de intuição masculina? Holly no mesmo vôo que Dick Thornburg? Certo, continuações potencializam tudo o que houve no filme inicial, mas enquanto o roteiro do primeiro Duro de Matar tinha um mínimo de convencimento, aqui só fiquei me perguntando se ninguém realmente teve uma idéia melhor.

treinando com os terroristas pra lidar com os aliens

treinando com os terroristas pra lidar com os aliens

Para nossa sorte, John McClane é um personagem forte, e o filme consegue divertir do começo ao fim. Desde a vizinha de avião de Holly com sua arma de eletrochoque à McClane tentando convencer os policias de Washington de que algo está acontecendo – inclusive, se esses são os policiais de Washington, pobre Obama -, as risadas são garantidas, e não apenas pelo absurdo das situações.

se piscar, perde Robert Patrick

se piscar, perde Robert Patrick

Com um roteiro menos inspirado que o primeiro, no entanto, Duro de Matar 2 é uma continuação que não mata os que curtiram o primeiro filme de vergonha alheia. John McLane ter que salvar a esposa e novamente tudo acontecer no Natal soa um pouco forçado, mas quem se importa quando tem explosões e podemos ouvir novamente John McClane dizer “Yippee-ki-yay, motherfucker” novamente, não é?

e John Leguizamo também

e John Leguizamo também

ANTES: Duro de Matar
Depois: Duro de Matar – A Vingança

NOTA MARCELLE MACHADO: 7,5

Dierli Santos: 7,0
Felipe Rocha: 6,0
Tiago Lipka: 8,0
Wallyson Soares: 7,5

MÉDIA CLAIRE DANES DO SHITCHAT: 7,2 claire danes sorrisinho

Duro de Matar

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“Yippee-ki-yay, motherfucker!”

(Die Hard – Dir. John McTiernan)

Em matéria de filmes de ação ditos “descerebrados”, Duro de Matar é um clássico. Já se somam mais de 20 anos e poucos conseguiram a proeza de munir ação desenfreada com trama consistente e personagens interessantes de forma tão excitante. Além de uma pérola do gênero, Duro de Matar se tornou também um queridinho do Natal. Quando o filme finaliza, ficamos com o pensamento do chauffeur na cabeça: “Se essa é sua ideia de Natal, eu preciso estar aqui no Ano Novo”.  Por mim, teria um Duro de Matar para cada feriado. Infelizmente, as sequências não fizeram jus ao pensamento (mas isso é assunto para outros shitters).

O filme traz a velha história de um cara no lugar errado e na hora errada. Só que esse cara é John McClane e apenas isso é o suficiente para alterar toda a fórmula. Catapultando o sr. Bruce Willis (em 88 ainda pouco conhecido), McClane virou tão icônico quanto o próprio filme e sua eterna frase de efeito (repetida hoje à exaustão). Mas o show aqui não é só dele e seu timing cômico infalível. No deliciosamente diabólico Hans Gruber, temos o antagonista perfeito – e ninguém melhor do que Alan Rickman para interpretá-lo. Em seu primeiríssimo papel no cinema, Rickman arrasa na arte de sutilezas e sotaques (especialmente notável em certa sequência de pura tensão).

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Para um filme “descerebrado”, Duro de Matar é surpreendentemente interessante. Mesmo que suas mais de duas horas sejam recheadas de uma ação contínua crocantíssima, respeita a audiência o suficiente para providenciar um roteiro decente. Além dos já citados personagens bem definidos, temos sacadas memoráveis ao longo de toda a metragem que, quando não estão pontuando a incompetência monumental da polícia, nos delicia com a imbecilidade de uma mídia sensacionalista. É tudo muito bem recheado. Mas também não é sempre que temos um filme de ação baseado em romance, né?

McTiernan não deixa a peteca cair. Sempre com a câmera no lugar certo e providenciando sequências que apostam mais em movimentação do que em cortes enganadores, prova ser um cineasta promissor (pena nunca ter feito mais nada à altura). Por outro lado, os méritos da edição precisam ser reconhecidos. Duro de Matar não só nunca cansa, mas não perde sua atenção – e o clímax não vai te deixar piscar.

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Embalado ainda por uma trilha memorável de Michael Kamen, Duro de Matar é uma daquelas unamidades raras. É o filme de machão perfeito, mas sem se prender a ser apenas isso. Como se não bastasse o pedigree dos amigos Chandler, Ross e Joey, ainda tem o Shitchat recomendando. Há ainda alguma dúvida quanto à preciosidade desse evento cinematográfico? Não precisa ser denso para entrar para a História, basta saber entreter com (muito) bom gosto.

DEPOIS: Duro de Matar – 2

NOTA WALLYSSON SOARES: 8,5

Dierli Santos: 9,0
Felipe Rocha: 8,0
Marcelle Machado: 9,0
Tiago Lipka: 10

MÉDIA CLAIRE DANES DO SHITCHAT: 8,9 tumblr_mcll13C71o1rjfsoao1_500

A Hora Mais Escura

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(Zero Dark Thirty, Kathryn Bigelow)

Vou explicar pra vocês mais ou menos como funciona a dinâmica das perfumadíssimas reuniões de pauta do Shitchat. Alguém chega e fala “vamos fazer um texto sobre filme tal”, todos assistem ao filme e amam ou odeiam este filme porém TEM. SEMPRE. UM. FILHO. DA. PUTA. QUE. DISCORDA. DA. MAIORIA. É então que começa o bullying no babaca e este boullying dura até o próximo filme.

Ficou assim por duas semanas inteiras

Ficou assim por duas semanas inteiras

Aí, depois de levar mais tempo pra chegar no Brasil do que o 751 Gávea – Charitas leva pra passar quando eu to bêbado de madrugada boladona na esquina, finalmente Zero Dark Thirty, ou A Hora Mais Escura, estreou e com ele veio o medo. Quem seria o chifrudo que teria coragem de falar mal da véia gostosa Kathryn Bigelow perto de mim. E – SURPRESA – todos gostaram do filme. Unanimidade. É um milagre!!


Tá, você que é esperta e bonita já sabe que Zero Dark Thirty mostra a caçada de uma década ao Obama Bin Laden até a eventual morte da vadia. Só que vamos combinar que se o filme fosse só isso qualquer Zé Piroca de Hollywood podia dirigir e ser relativamente bem sucedido nas bilheterias. Afinal, quem não quer ver Osamão levando umas trolha no meio da fuça?

O negócio é que Kathryn Bigelow não é qualquer babaquinha desses que pegaria esta história e transformaria em um filme de espionagem comum com Naomi Watts como lead. Bigelinda tem noção do que ela possui em mãos e, juntamente com o crocante Mark Boal, levam o filme ao próximo nível quando resolve focar nas consequências sofridas pelas pessoas e pelo próprio país durante esses anos de procura.

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E tudo isso é personificado na deusa Chastain. A personagem dela não tem sobrenome, é somente “Maya”. Maya não tem backstory, Maya não tem uma vida fora da CIA. A única coisa que a gente fica sabendo é que ela não faz sexo há muito tempo.

WAT?

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O negócio é que nada disso importa. Se estivéssemos assistindo a um filme de Steven Spielberg certamente teríamos umas treze cenas com a mãe da Maya tentando fazê-la casar com o dentista filho do vizinho e Maya respondendo que está focada em seu trabalho e que este é muito importante para o país. Aqui, apenas acompanhamos a determinação de uma mulher, que poderia ser qualquer americano (ou a própria América), se transformando em frustração, depois em medo, depois em raiva e depois em alívio. Alívio que é apenas momentâneo – e a cena final é um soco tão fodido no estômago que estou chorando até agora.

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“Mas e as torturas, cara?” Af. Vamos lá, então. Oi você que criticou o uso de tortura no filme, tudo bom? Lucille Bluth tem um recado pra você:

O negócio é o seguinte, amigo hater, encaixe-se em uma das alternativas abaixo:

a)      ou você é muito burro e ingênuo de achar que nenhum árabe (muitos inocentes inclusive) sofreu abusos nesses anos de busca por infos do Osamão;

b)      ou você é um babaca que acha que está sendo moderno ao criticar ZDT por ele “defender o uso da tortura”, sendo que isso em nenhum momento acontece;

c)      ou você simplesmente não tem estômago para ver este tipo de coisa (neste caso, recomendo a filmografia do Spielberg).

Era pra eu falar agora sobre as “críticas” ao “excesso de patriotismo” de ZDT, mas sério, acho que enfio uma tesoura no meu olho se tiver que aguentar mais um minutinho desses argumentos preguiçosos e toscos e sei que você também se sente assim, então vamos ao próximo tema: o clímax. A partir desse momento, talvez eu revele alguma coisa do final do filme. Não que você não saiba que o Osama morre, mas fique avisado assim mesmo.

Toda a sequência da invasão à casa na qual se escondia Bin Lad é mostrada quase de uma vez, com alternância somente entre o interior e o exterior da casa  – se eu não me engano há um planozinho da Chastinha na base militar onde ela se encontra. Sim, passamos duas horas acompanhando Maya em sua jornada até aquele momento e, quando o que esperamos finalmente acontece, ela some da tela. Tirar o protagonista do principal momento do filme não é algo que um diretor comum teria coragem de fazer, mas Bigelow sabe o que é realmente importante em termos de narrativa e, principalmente, sabe que tem talento pra criar suspense em uma sequência que qualquer zebra sabe o final e que não precisa recorrer a caras e bocas de Chastão.

Se bem que ninguém reclamaria <3

Se bem que ninguém reclamaria ❤

A parte técnica do filme é outra que merece aplausos. O já comentado clímax não teria o impacto que tem se não fosse por Greig Fraser, diretor de fotografia. A transição incessável de luz comum para visão noturna e vice-versa é maravilhosa, assim como tudo que envolve as cenas de tortura lá no início. BTW, Tiago Lipka quer falar uma coisa, então, leia.

Ia encerrar este texto por aqui mesmo, mas lembrei que tenho que falar de uma outra coisa: o resto do elenco. Tá que Chastainzão É o filme, mas seria injusto não mencionar os outros atores, que conseguem acompanhar bem a deusa. E, assim como em Argo, vários deles são mais conhecidos na TV do que no cinema, tipo Jarek Wysocki (foda demais), Coach Taylor, Anna Paul, Lobinho de TVD, Andy Dwyer brincando de ser Burt Macklin e até Tony Soprano (que só aparece pra expressar com olhares nossa felicidade ao ouvir as palavras “eu sou a filha da puta que achou esse lugar” da boca de Chasty). Se a tendência continuar, aguarde JoAnna Garcia em todos os filmes flopados que surgirem.

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Tá zuando que cê acha eu vou encerrar com a cara da Juana Garcia né? Toma aí Chastona acabada porém linda.

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NOTA FELIPE ROCHA: 10

Dierli Santos: 10
Marcelle Machado: 10
Ralzinho Carvalho: 10
Tiago Lipka: 10

Média Claire Danes do Shitchat: 10 – TIRA A BURCA DO ARMÁRIO, CLEIR

As Sessões

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(The Sessions – Dir. Ben Lewin)

Comédia dramática que acerta ao investir na simplicidade, As Sessões é um belíssimo filme ancorado por performances sublimes de seu elenco. E com uma abertura dessas, já posso garantir que minha crítica será elogiadíssima por quem gostou, e sofrerei bullying dos haters.

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af, vai se achando, kiridinha

Prosseguindo com a vida.

Conta a história de Mark O’Brien, que sofre de paralisia devido a complicações da poliomelite que teve quando criança. Incapaz de ficar por mais de 4 horas longe do pulmão de ferro (uma máquina que auxilia a respiração), com 39 anos e sentindo que sua hora pode estar chegando, ele começa a ouvir uma voz… inusitada. A do seu PÊNIS.

CALMA CARA

CALMA CARA

Não só isso: decide que aquela voz está correta e procura uma ajuda especializada, que vem através da terapeuta sexual Cheryl, especialista em lidar com deficientes físicos. Porém, as carências afetivas de ambos se confundem, e o afeto entre eles cresce um pouco mais do esperado. Além disso, Cheryl acaba tendo de lidar com mais do que o simples nervosismo de Mark em explorar sua sexualidade: há também a culpa católica devido a traumas do passado.

Escrito e dirigido por Ben Lewin (um sobrevivente da pólio, inclusive), o filme é sensível e delicado ao mesmo tempo em que é direto. E o melhor: não usa o humor para deixar o tema mais leve, mas apenas para desenvolver as relações entre os personagens, já que a seriedade da situação está sempre presente, e é devidamente discutida. O roteiro também acerta no ritmo da história, que se concentra basicamente entre diálogos com apenas dois personagens em cena.

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John Hawkes, que revigorou sua carreira depois da monstruosa performance em Inverno da Alma, surge brilhante em cena, investindo num acertado timing cômico, e uma enorme dedicação ao trabalho corporal, e é seguido de perto por Helen Hunt, corajosa, peladíssima e voltando a ser aquela excelente atriz que vimos no ótimo Melhor é Impossível. Vale também mencionar os ótimos William H. Macy e Adam Arkin: o primeiro acerta no tom, e surge carinho e carismático no tom certo, enquanto o segundo estabelece bem o personagem mesmo aparecendo pouco.

Errando apenas ao dar um pouco mais de atenção a personagens secundários em alguns momentos (o porteiro do hotel, por exemplo) e ao soar um pouco óbvio diante de detalhes da trama (o relacionamento com a ex-cuidadora), As Sessões ao menos se mostra coerente no início ao fim, surgindo como um perfeito exemplo de que o tragicômico não precisa ser necessariamente “água com açúcar” ou “picolé de chuchu”.

NOTA TIAGO LIPKA: 9,0

Ralzinho Carvalho: 9,0
Wallysson Soares: 8,0
Felipe Rocha: 7,0

MÉDIA CLAIRE DANES DO SHITCHAT: 8,6666666666666666666666666667

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House of Cards – 1ª temporada

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“Não há nenhum conforto, nem acima nem abaixo, apenas nós… pequenos, solitários, lutando, brigando uns com os outros. Eu rezo para mim mesmo e por mim mesmo.”

Poder e corrupção nunca foram tão crocantes quanto com House of Cards, nova série criada por um tal Beau Willimon (que co-roteirizou o deliciouso Ides of March do Clooney, vejam só) e que estreou sua primeira temporada inteira no Netflix esse mês. Ou seja, por favor encomendando maratonas pois a série é mais viciante que cocaína [mensagem patrocinada pelo deputado Peter Russo]. O drama político é baseado em outra série do pessoal lá do Reino Unido e introduz uma dose de anarquia e uma boa pitada do politicamente incorreto para narrar as engrenagens da esfera política estadunidense.

O grande diferencial dessa crocância é a quebra da quarta parede pelo personagem principal – Francis Underwood. Interpretado pelo formidável Kevin Spacey, Francis é um congressista de renome que arma uma vingancinha quando se sente traído. Entre um plano diabólico e outro, Francis não se incomoda em conversar com a audiência um pouquinho sobre as hipocrisias, as injustiças e a realidade desnudada que o cerca. Nunca quebrando o ritmo da narrativa e, mais importante, nunca seguindo uma cartilha. Francis conversa com a gente, oferecendo valiosas introspecções, mas não narra a história e nem nos tornamos presos a apenas seus pontos de vista. Essa fuga de regras apenas enriquece o arco dramático proposto – que, vale notar, não encerra com a temporada (sim, estou sofrendo).

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Não vamos nos enganar, House of Cards não é apenas uma odisseia de vingança. Alias, a trama é tão bem amarrada e as situações construídas com tamanha autenticidade que nos envolvemos na história e nos personagens de forma a ignorar qualquer fator esquemático que poderia existir no roteiro. Também não é uma série apenas sobre política. A obra tem algo essencial a dizer sobre os rumos da mídia no século XXI e o quanto ela realmente importa (140 caracteres, alegam os boatos).

Mais bacana que os temas, apenas a indefinição dos personagens. Não há mocinhos em House of Cards. Ninguém vale nada, na verdade. Francis Underwood, o anti-herói fascinante que nos faz torcer por ele mesmo nos momentos mais sombrios. Sua esposa Claire (aka a diva Robin Wright em seu melhor papel desde a querida Jenny Curran), uma figura forte e sem escrúpulos cuja cumplicidade com o marido deixa qualquer um gozando. A repórter ambiciosa Zoe Barnes (uma charmosa e destemida Kate Mara), que almeja a primeira página e consegue mais do que apostou. E, talvez mais importante, o personagem trágico que é o deputado Peter Russo, que ganhou uma atuação sensacional de Corey Stoll.

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House of Cards são treze episódios equilibrados e bem pontuados que nunca cansam. David Fincher dá o gás inicial com os dois primeiros capítulos, propondo uma atmosfera sombria, fotografia deliciosa e uma trilha sonora assombrosa. É a mais cinematográfica das séries atuais, sem discussão. Entrega também algumas das melhores cenas do ano (televisão ou cinema). Seja Francis praticando a eutanásia no primeiro minuto da temporada, conversando com um mendigo na rua (“Ninguém pode te escutar, ninguém se importa com você!”) ou acenando do canto esquerdo durante o discurso do presidente, House of Cards é só delícia, e ai de quem discordar (estaremos monitorando a seção dos comentários, atenção).

NOTA WALLYSSON SOARES: 9,0

Felipe Rocha: 9,0
Tiago Lipka: 9,0

MÉDIA CLAIRE DANES DO SHITCHAT: 9,0

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