Sobre Leandro Ferreira

Uma deusa,uma louca,uma feiticeira

Adeus, Minha Rainha

adeusminharainha1(La adieux à la Reine, Dir: Benoît Jacquot – 2012)

Lá no início do ano passado, quando saiu a seleção do Festival de Berlim, fiquei animado com Adeus, Minha Rainha, pois eram Lea Seydoux, Diane Kruger e Virginie Ledoyen num clima meio bate xota e isso é coisa pra animar qualquer um. Porém, Adeus, Minha Rainha é um grande af.

Mas o filme é assim: Luís XVI anda fazendo umas merda lá com a galera da França e com isso sua digníssima esposa Maria Antonieta perde toda a popularidade. Ninguém aguentava mais ela com seu all stare ouvindo seus Strokes, Phoenix e Bow Wow (COPPOLA VIAJA GENTE AHSUIAHISUAIHSUIAHSAI) e resolveram dizer “foda-se vamos por pra baixo essa bastilha” e assim, a cabeça de Toninha foi pedida. Falei isso tudo mas esqueci de dizer sobre o que o filme é na verdade, o relacionamento de Mariazinha com sua leitora oficial Madame Laborde, é o plot principal do filme, mas não parece.

to aqui cara

to aqui cara

A falta de foco do filme é um problema, fica tentando atirar pra todos os lados, mas não consegue acertar ninguém. Tem a relação da Rainha com Laborde, a da Rainha com Duquesa de Polignac, tem os fatos ocorridos durante a tal Queda da Bastilha e tem o Paolo que eu não sei o que caralhos ele faz nesse filme. Inclusive, a desconstrução de personagens é algo também prejudicial para o andamento do filme. Começamos achando que Laborde era uma mulher com um comportamento um tanto dúbio, só que na verdade era só era uma troxona que fazia tudo pela sua Rainha. O mesmo acontece com Paolo, em sua primeira cena é de se imaginar que o personagem tem um papel importante dentro da história do filme, mas não, ele tá ali só pra ser deixado de pau duro num quartinho.

meiga e abusada

meiga e abusada

Mas o filme não é completa desgraça. A fotografia caprichadíssima capta perfeitamente bem as locações deslumbrantes. O clima de tensão criado pelo diretor pode ser considerado impecável, e com a ajuda da trilha sonora, tudo se torna melhor, como por exemplo, a cena em que Toto (Maria Antonieta pros íntimos) se encontra com Gabrielle de Polignac, é o tudo o que há de melhor no filme, o conjunto (e a reação das pessoas em ver o carinho que a Rainha Fancha tem com a Duquesa gostosinha).

julgando as lesbiquisse

julgando as lesbiquisse

O filme tem um elenco muito bom, mas infelizmente parte dele é usado de forma inadequada. Xavier Beauvois faz ponta e isso eu não admito, Noémie Lvovsky parece que tá fazendo um favor pra um brother e isso também é inadmissível, Virginie Ledoyen serve apenas pra ser gostosa, e nisso ela funciona muito bem, mas, sei lá, ao menos se esforçar pra atuar. E aí que tem as duas protagonistas. Como sabemos, pra Lea Seydoux, missão dada é missão cumprida e ela não dá ponto sem nó, mesmo o personagem sendo sem graça, a gata tira o leite de pedra e entrega uma atuação bastante competente. Diane Kruger pode ser considerada uma das coadjuvantes mais interessantes do ano, a atuação podia muito bem cair no overacting, mas em momento nenhum deixa acontecer, a firmeza e a fragilidade que a atriz deposita em sua personagem é exata, e, definitivamente, Diane Kruger não é só um rostinho bonito.

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brigadã

Adeus, Minha Rainha é daqueles filme que você vê uma cena e aí você pensa ~eita nós,agora vai~ mas infelizmente ele nunca vai, terminando de forma duvidosa e definitivamente insatisfatória.

NOTA LEANDRO FERREIRA: 4,0

MÉDIA CLAIRE DANES DO SHITCHAT : Claire corre pois se dá conta que não é errado ser gay.anigif_enhanced-buzz-4829-1366223251-11

Rede de Intrigas

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“I’m as mad as hell, and I’m not going to take this anymore”

(Network, Dir. Sidney Lumet – 1976)

Este é o mantra que leva o Shitclássico da vez pra frente. Rede de Intrigas funciona assim: temos Howard Beale, âncora durante muitos anos no telejornal mais importante do canal UBS. Após seu programa começar a perder audiência, a morte recente da esposa, o uso excessivo de álcool por consequência disso e, como a ponta do iceberg nessa maré do demônio, a UBS resolve demití-lo. Quem lhe dá a notícia é Max Schumacher, seu melhor amigo. Mas aí o Beale começa a literalmente enlouquecer, sendo o primeiro sinal disso seu anúncio de suicídio no ar. Em seguida, o homem resolve profetizar sobre o mundo e, aproveitando o atual estado deplorável do âncora, dois produtores, Diane Christensen e Frank Hackett, resolvem demitir apenas Max, que é contrário ao ar sensacionalista que o programa assume e permanecer com Beale na grade.

tô loca!

tô loca!

Rede de Intrigas é um dos melhores filmes de todos os tempos por N motivos. O primeiro deles é o casamento Sidney Lumet e Paddy Chayefsky, que será comentado melhor depois. O tom profético do filme é absurdo (não é à toa que Howard se torna uma espécie de Messias): o filme prevê o dano que o jornalismo sensacionalista poderia causar às pessoas ao redor e infelizmente nos faz pensar que muitos assistiram ao filme e fizeram escola, da forma errada, claro. Há um cuidado do roteiro em citar e referenciar assuntos tão atuais, como, por exemplo, a cena em que Howard anuncia que irá se matar. Ela é uma referência ao real suicídio da âncora Christine Chubbuck (inclusive nessa cena é interessante ver o tamanho do descaso dos próprios diretores com Howard). O filme também se baseia no caso de Patricia Hearst, atriz e socialite da época que foi sequestrada pela Symbionese Liberation Army (aqui citada como Ecumenical Liberation Army). Curiosamente, a atriz que faz Mary Ann Gifford é Kathy Cronkite, filha de Walter Cronkite, que é citado por Beale e Schumacher com saudosismo na primeira cena do filme, sem contar Lauren Hobbs se parecendo mais com Angela Davis que a própria Angela Davis e diversos outros acertos no roteiro que nos faz crer que

comigo ninguém pode bee

comigo ninguém pode bee

O texto do filme é extraordinário. O cinismo de Diane é tão acentuado que chega a ser incômodo. A dureza nas palavras de Howard e a serenidade necessária de Max Schumacher são impressionantes e nos fazem duvidar se isso saiu de alguma pessoa normal, gente como a gente, sabe? Outro acerto do roteiro é nunca colocar Diane e Howard interagindo. Ele é o maior dos interesses dela, porém ela sequer se importa com a saúde mental dele ou com qualquer outra coisa que não seja o crescimento da audiência. Max é o único que parece se importar com Howard durante todo o filme e a cena inicial, que mostra uma conversa descontraída de Howard e Max, prevê todo o caos que viria no futuro, com Max contando uma história de suicídio (no caso, o dele). No entanto, o grande acerto do filme é a atemporalidade. As coisas proféticas ditas por Howard realmente eram proféticas, como, por exemplo, a tão famosa cena.

Se eu não soubesse que esta porra de texto era de 37 anos atrás, poderia achar que isso é de sei lá, ontem. A cena é o estopim em todo o filme, é o ápice da loucura de Howard e mostra o quanto a mídia sensacionalista e de pouco cuidado com apuração pode ser perigosa tanto pra quem assiste como pra quem faz, exibe e incentiva tal prática.

Que Sidneyzinho Lumet é um gênio, isso todo mundo sabe. Mas em Rede de Intrigas ele eleva isso em níveis ainda mais altos, como a já citada cena do maior surto de Howard Beale, na qual ele usa o completo silêncio pra evidenciar a atuação impressionante de Peter Finch, que torna toda a atmosfera da cena um tanto incômoda.Também temos a cena da conversa entre Max e sua esposa Louise e a cena da conversa de Max e Diane perto do final do filme (“I gave up comparing genitals back in the schoolyard <3333333333). Além disso, temos aquela que pode ser considerada a mais importante cena de todo o filme: a franca conversa entre Howard e Arthur Jensen, o presidente da UBS. A atmosfera da cena é sobrenatural, beirando ao assustador, a fotografia e a decisão de filmar a figura espantadora de Arthur de longe são geniais. Até que chegamos no momento crucial de todo o cinismo da indústria.

Arthur Jensen: You just might be right, Mr. Beale.

E isso aqui se chama

crocância

crocância

As atuações são de arrepiar, começando pela vencedora do Oscar, Beatrice Straight, que com apenas 5 minutos dá a atuação de sua carreira, mostrando sua Louise claramente cansada do descaso do marido com o seu longo casamento. As cameos chamam a atenção e a melhor de Rede de Intrigas é Ned Beatty. É assustador o quão compreensivo o personagem parece ser em seus primeiros momentos e quão nocivo e cruel ele pode ser em questão de minutos. Robert Duvall é um coadjuvante de luxo, muito luxo. Peter Finch é facilmente o mais impactante, papel que também o deu Oscar (póstumo). Suas cenas são impressionantes e é incrível como Finch consegue driblar o overacting que poderia ter sido encaixado sem soar estranho. E ai que chegamos a William Holden. Ele tá ali, onipresente, poucos prestam atenção nele, mas ele tá ali e é assim no estilo come quieto. Holden tem uma das melhores atuações do filme, a mais contida, que usa a firmeza necessária pra mostrar que alguém naquele lugar precisava de um pouco de sanidade. E, enfim, chegamos a Faye Dunaway.

SAI NA CAPOEIRA/PERIGOSA/MACUMBEIRA

SAI NA CAPOEIRA/PERIGOSA/MACUMBEIRA

Faye é um show à parte, o cinismo e a ambição da personagem é extraordinário, à margem do ofensivo. Dunaway encarna Diane como se ela fizesse tudo aquilo todo os dias da vida dela. É interessante prestar atenção que Diane não consegue parar de falar de trabalho até em seus momentos mais íntimos e Faye é uma metralhadora de palavras e comentários degradantes. A figura mais nociva de todo o filme, uma das melhores atuações da atriz e um dos Oscar mais bem recebidos de todos os tempos, Faye dá uma pequena aulinha de como se fazer gostoso.

Rede de Intrigas é perfeito tanto pra cinema com o intuito de descontrair quanto para cinema com o intuito de protesto, mostrando o quão podre e manipulativo pode ser aquele que devia lhe informar e o como é cruel usar a figura claramente prejudicada mentalmente apenas para ganhos individuais.

NOTA LEANDRO FERREIRA: DEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEZZZZZZZZZZZZRGH!

Alexandre Alves: 10
Felipe Rocha: 10
Marcelle Machado: 10
Rafael Morenga: 10
Tiago Lipka: 10

MÉDIA CLAIRE DANES : 10 e ela tá correndo assim pois está procurando uma janela mais próxima

claire de burca

A Criada

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(La Nana, 2009 – Dir: Sebástian Silva)

Lá em 2009 no festival de Sundance um pequenino filme chileno foi febre, ganhou dois prêmios, um deles inclusive pra sua atriz protagonista. Este filme era A Criada, que, depois de 4 anos, de ter passado no Telecine Cult mais de uma vez, foi lançado em circuito nacional e nós do Shitchat, como somos pedantíssimos, conferimos e

tá

É um negócio mais ou menos assim: Raquel trabalha na casa de Pilar e Mundo (sim ,esse é o nome do cara) há 23 anos. Ela criou os dois mais novos, Lucas ,o adolescente punheteiro e Camila, a mais velha que é a única que não tem pena de dizer que Raquel é uma vadia. Pois sim, ela é uma vadia, ainda aquela vadia, que dá um jeitinho de demitir todas as suas ajudantes trancando todas elas do lado de fora da casa, escondendo biscoito de um dos filhos dos seus patrões. Um belo dia chega Lucy, a empregada extrovertida, boa praça e alto astral que aparece pra dar uma balançada na vida cu que Raquel vive.

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O filme pode ser divido em dois. Primeiramente, Raquel nos é apresentada, tímida, quase não fala, porém, possui sua autoridade com as crianças e tem voz ~ativa~ dentro da casa. No entanto, os patrões sempre deixando bem claro que é ela é empregada, mesmo ela se achando da família – é basicamente eu te amo mas fica aí no teu cantinho – ela gosta e desgosta, e apenas o adolescente punheteiro a trata de forma diferenciada. Mas esse primeiro ato não funciona muito bem e até cansa, o bullying dela com as ajudantes se torna chato, o receio da patroa de tomar alguma atitude te faz pensar que tem algum segredo sendo guardado, porém, apenas não funciona, até que aparece Lucy.

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Lucy aparece por conta de um desmaio causado pelo excesso de remédios que Raquel toma e é onde o filme melhora. Lucy serve como o contraponto da mudança de atitude e personalidade da protagonista. A inserção da novata poderia ser péssimo por ser aquele típico caso de aparece a fada madrinha e tudo muda na vida da pessoa e etc, porém, a direção de Silva foi muito eficiente em tratar a aproximação das duas de forma simples e em momento algum forçada. A Criada, então, de um filme aborrecido se transforma num feel good movie, alcançando um humor que até tentou durante o primeiro ato inteiro mas sem sucesso.

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Nas atuações, temos Claudia Celédon se mostrando muitíssimo eficiente em suas cenas de dúvida (mando ou não essa quenga embora da minha casa?) e pena (mas tá tanto tempo aqui, coitada, vou mandar embora logo agora). Mariana Loyola mata a pau, da mesma forma que conquista Raquel, conquista quem assiste com a naturalidade, o espírito livre e os peito caído. Mas tem Catalina Saavedra, que, ó

Durante a primeira e problemática metade ela é o que salva. Impenetrável, fechada pra balanço e (quase) ninguém conseguia tirar algum traço de emoção da personagem, na segunda metade a atuação melhora, pois é quando Raquel começa se mostra muito mais solitária e não tão fechada, especificamente a cena em que ela liga pra mãe, de fazer chorar umas migalhas, e definitivamente todo esse buzz da época em cima de Catalina Saavedra é válido.

A Criada é um filme onde o primeiro ato podia facilmente acabar com todo bom andamento do resto do filme, mas a direção mais intimista Sebastian Silva consegue contornar o filme do completa desgraça e se torna um feel good movie com um final bonitinho e redondinho.

NOTA LEANDRO FERREIRA: 8,0

MÉDIA CLAIRE DANES DO SHITCHAT Claire fazendo cara de paisagem pois não comenta o assunto empregada depois da PEC das domésticas.tumblr_mbl2sp4x8q1qkrm4go1_500

O Sexto Sentido

6thsense(The Sixth Sense, 1999, Dir. M. Night Shyamalan)

O Sexto Sentido é aquele filme lá de 1999 que alguns acham que é o debut de M.Night Shyamalan, porém não é. Aparece lá o irmão do Mark Whalberg loucaço na casa do John McClane e da Adele DeWitt. Na cena seguinte, temos John McClane observando o Haley Joel Osment (não tenho outro personagem pra me fazer referencia, perdão), que vê gente morta. Haley, filho da Toni Collete, recebe ajuda num tipo de sessão de terapia constante com John McClane.

Esse filme não é spoiler pra ninguém, então vou poupar a imagem do nosso maravilhoso Andre Braugher. Mas fique avisado que continuar lendo é decisão todinha sua ok, amigo leitor? Quando revisto, esse filme é ainda melhor que na primeira vez. É impressionante como M.Night Shyamalan deixa tudo muito vago em sua primeira cena pra nos preservar do BANG do final, sendo que me senti muito otário por ter me deixado enganar por algo tão óbvio.

suas hotaria

suas hotária

Mas uma coisa positivíssima da direção do M.Naite Chaiamalan é a sua facilidade de criar tensão. Algumas cenas são de te fazer cagar pra saber o que acontece depois. Detalhe: o mesmo dom que ele tem de te fazer tomar um susto gostoso, tem de te fazer chorar, especificamente em duas cenas perto do fim. Outro pró é a precisão em conduzir cenas, particularmente a que Toni Collete entra na cozinha e todas as portas e gavetas estão abertas. Já o clímax é apenas sensacional.

A esperteza do roteiro chega a dar nojo ao lembrar que saiu da mesma cabeça do roteirista de Fim dos Tempos. Não há furos, é tudo redondinho, nos conformes. John McClane vê seu paciente antigo se matar e através de seu novo paciente, tenta salvar ambos. Temos a depressão de Adele DeWitt, que não consegue superar a morte de seu marido; temos Toni Collete, a personagem mais ~humana~ de todo filme, tentando provar que é uma boa mãe (pra todos e pra si) e que se esforça pra acreditar que seu filho não está mentindo; e a habilidade do roteiro em entregar todas essas histórias sem deixar nada insatisfatório ou fora de tom é incrível. E eu me pergunto, o que aconteceu, M.Night Shyamalan?

eu era sexy, mas resolvi ser vulgar

eu era sexy, mas resolvi ser vulgar

A cameo de Greg Wood é de muito respeito (e mais uma cena em que M.Night Shyamalan se mostra um puta diretor). Já Bruce Willis tem a melhor atuação de sua carreira, até mesmo porque pra nos fazer acreditar que ele tá vivo, mas na verdade tá morto (hã) é de se respeitar. Toni Collete é de cair o cu da bunda. Durante todo filme me perguntava “tá, ela é boa, mas porque indicação ao Oscar?”, aí chega a cena do carro e não entendo porque assisti ao filme seis vezes e justo na sétima eu chorei feito uma cachorra. E pra terminar, temos aquele que foi a sensação naquele ano, Haley Joel Osment. É absurdo, a criança é a própria tensão, consegue carregar um personagem difícil. A cena do I See Dead People é apenas o ápice da carreira (sic) do ator.  Temos também Trevor Morgan, que no filme tenta a vida como ator e

to tentano ainda gent

to tentano ainda gent

O Sexto Sentido é a prova definitiva de que odeio muito M. Night Shyamalan, pois não dá pra compreender como um diretor tão promissor, que mostra tanta malemolência (eu só queria usar essa palavra, perdão gente) ao dirigir e ao roteirizar ter feito merdas tão catastróficas como algumas que vocês verão seguidamente aqui neste blogue.

OBS: Faltou mencionar John McClane só mais uma vez pra linkar todos os Duros de Matar aqui, então agora já foi. Obrigada.

NOTA LEANDRO FERREIRA: 10

Alexandre Alves: 10
Dierli Santos: 9,0
Felipe Rocha: 9,0
Marcelle Machado: 9.5
Tiago Lipka: 10
Wallysson Soares: 9,5

MÉDIA CLAIRE DANES DO SHITCHAT: 9,5 Claire correndo dos fantasma claire de burca

Pietà

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“Esse desgraçado nasceu ruim”
(Pieta, 2012. Dir. Kim Ki Duk)

Pieta é sobre o cara que trabalha como cobrador de agiota , caso não paguem suas dívidas. Ele vai lá e aleija esses caras, mas belo dia ele resolve correr atrás de uma galinha e aparece uma mulher louca entrando na casa, na vida, mexendo com as estruturas e sarando todas suas feridas (é sério) dizendo que é mãe dele e ele começa a rever sua vida como cobrador.

Pra quem não sabe, esse filme foi vencedor do Leão de Ouro em Veneza de 2012 porque O Mestre já tinha prêmio demais, e ao menos é um ótimo filme pra se ter ganho o título. O filme toca em diversos assuntos e todos são trabalhados de forma eficiente. O único deslize do roteiro é o uso de humor, não sei se é proposital, mas é desnecessário. O melhor aspecto é a forma em que ambos protagonistas nos é apresentado e como eles são desconstruídos.

destruida!

destruída!

Conhecemos um Lee Kang, todo Russo da Salve Jorge, só aleijando a galera. Conhecemos também Son-mi, toda chorosa lá nos canto enquanto fazia forte referência a duas séries adoradas aqui pelo Shitchat. A primeira é Boardwalk Empire. A outra é Mad Men e a prática que muitos funcionários aqui fazem (mas eu não vou citar o nome do Wale de forma alguma), que é o tão famoso fazer a Peggy. Mas como espécie de turning point do filme, a mãe resolve achar que tá muito velha pra essa ~porra~ e se torna uma quenga, muito quenga e deixa o filho do jeitinho que vocês tão vendo na foto acima.

não vai sobrar pedra sobre pedra

não vai sobrar pedra sobre pedra

Em duas cenas específicas e muito interessantes, temos Kang indo cobrar um rapaz que brevemente será pai e que suplica para que ele o aleije para ter o dinheiro do seguro. A cena mostra como a situação daquele local é precária e põe um pouco de amor no cuore de Kang. Na outra, que é na verdade uma sequência, temos uma corrida de Kang onde ele passa por todas suas vítimas e percebe os danos em que causou na vida de diversas famílias, coisa que faz o desfecho do filme ser tão satisfatório e claro, põe um pouco mais amor no cuore de Kang. E falar de Pietà sem citar a absurda Min soo-Jo é criminoso. A linha tênue em que a atriz cria a delicadeza e a dissimulação da personagem é perfeita. Sempre ferida, mas objetiva, a gatinha oriental tá perfeita.

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Pietà é um filme que aborda perfeitamente todos os assuntos que toca, com um roteiro manero, personagens centrais interessantes e uma atriz com o capeta. Tem um pouco de enrolação ali pelo meio e umas storylines um tanto desnecessárias (que no fim das contas até fazem um pouco de sentido) aqui e ali, mas que pouco atrapalha o ótimo andamento do filme.

NOTA LEANDRO FERREIRA: 9,5

Alexandre Alves: 9,5
Felipe Rocha: 8
Tiago Lipka: 8,5

Média Claire Danes do Shitchat: 8,8 Claire tá satisfeita com as galinhagem claire 7

Ginger e Rosa

BOMB by Sally Potter(Ginger and Rosa, 2012, Dir. Sally Potter)

Lá em 1945, com a Alemanha querendo explodir tudo e tomando no toba, nascia Ginger e Rosa, filhas de Natalie e Anoushka, respectivamente. Elas crescem juntas e se tornaram melhores amigas, mas ao crescerem e suas personalidades se formarem, as coisas mudam. Ginger é gata, inteligente e simpática, se fosse participante de America´s Next Top Model seria rotulada como Bubbly Personality. Rosa é aquela sua prima da Universal que quer ser porra louca, mas acredita na palavra do senhor jesus cristo todo poderoso. Porém, União Soviética tá pra explodir o mundo, e está preparado o terreno pra um filme odiável pra cacete.

gignererosaSomos apresentados à íntima relação das duas (que são sexy sem ser vulgar em momento algum), e às suas relações familiares. O pai de Rosa abandonou a mãe quando a filha era pequena, e a mãe caga e anda pra ela. Nat, a mãe de Ginger se preocupa com a filha e a influência de Rosa na vida dela, enquanto o pai é apenas o maior desgraçado e é a típica puta fiel, pega todas na rua mas no fim das contas volta pra vagina de casa. O roteiro até começa a desenvolver bem as relações entre essas pessoas, e também a frustração de Nat sobre a vida, a de Rosa com a ausência dos pais e o interesse de Ginger em seguir os passos do pai vagabundo. Porém, pelo meado das coisas, Sally Potter não segura o tranco e o filme fica chato, muito chato.

bem assim

bem assim

Falando de Elle Fanning, é impressionante como essa querida não deixa o segundo ato do filme ser uma completa desgraça. Sua Ginger é confusa, e ela mostra isso em cena como se fosse tão fácil quando fazer quadradinho de 8 (pois é, facílimo, experimentem). Christina Hendricks também impressiona, especialmente na cena do jantar onde ela mostra mais uma vez que é uma das melhores atrizes da atualidade, mas quando se trata de atuações boas fica só aí mesmo. Alessandro Nivola é péssimo e Alice Englert também e é sempre bom ressaltar a ponta (P.O.N.T.A) que Annette Benning faz.

Ginger and Rosa 04Por fim e não menos importante, o ato final grotesco, não posso comentar nada menos do que isso, onde só tá ali pra mostrar o quão reaça é o filme, vide liçãozinha pau no cu. Ginger e Rosa fecha o caixão com gosto amargo para o filme e pra quem assiste.

NOTA LEANDRO FERREIRA: 2,0

Felipe Rocha: 5,0

MÉDIA CLAIRE DANES DO SHITCHAT: 3,5 porque pra tudo existe paciência e da Claire é curtinha claire 3 a 5

Finalmente 18!

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(21 & Over, 2013, Dir. Jon Lucas and Scott Moore)

Primeiramente bom dia. Segundamente, é sacaneante Claire promover uma maratona com filmes maravilhosos (uns nem tanto) e depois me fazer escrever sobre Finalmente 18!, mas bora lá. Antes de mais nada, devo dizer que essa tradução é tão cretina quanto Namorados para Sempre. A diferença aqui é que a propaganda não é tão descaradamente enganosa e quem assistir não vai pagar gato pra ver lebre.

Miller, Casey e Jeff Chang são melhores amigos do colegial, porém, com o passar do tempo, a amizade muda e suas personalidades mudam. No entanto, ao se juntarem pra comemorar o aniversário de Jeff um dia antes da entrevista que irá mudar sua vida, eles fazem merda, e depois um pouco mais de merda, e descobrem o que perderam da vida uma dos outros. Miller é o merdalhão que continua fazendo muita cagada, Casey servia de equilíbrio entre os amigos e Jeff é o inteligentão que fazia tudo que o pai rígido mandava.

image-21-and-over08A verdade é que eu agarrei um ódio sério do filme, mas até que os diretores (também autores do roteiro) Jon Lucas e Scott Moore não são ruins, sabem o que fazem, assim como a montagem que acompanha a atmosfera acelerada que o filme possui pra não perder o seu ritmo. O roteiro é o grande causador de ódios. A discussão de passagem de tempo e essa vontade gritante de ter os melhores amigos o mais próximo possível, mas por causa das obrigações da maioridade isso se tornar basicamente impossível, é válida. Identificações aconteceram, mas a dupla de roteiristas prefere o exagero e insistem em um humor pastelão sem graça, sem mencionar as situações incoerentes, o machismo e os seus furos, ou seja, se é pra fazer pastelão…

aprende com a gente gato.

aprende com a gente gato.

Os atores são uma bosta. Milles Teller tem um timing pra comédia tão bom quanto o do Dane Cook. Falando em Dane Cook, Skylar Astin é um Dane Cook mais bonito que ainda não encontrou o seu lado insuportável (e tô torcendo pra não encontrar, cara). O único que possui um jeitinho pra coisa é Justin Chon, mas o personagem é tão forçado que não dá pra curti o ator ou o personagem. É válido também mencionar Daniel Booko, que não faz nada no fim, só puxa saco, mas no momento 1h20m me fez rir por tudo que não ri antes, tive que marcar este tempo porque, olha, foi único.

21 and over

Finalmente 18! é uma bobeira da porra que tenta, mas prefere usar os clichês de pai oriental linha dura que quer obrigar filho a seguir seu mesmo futuro, correr atrás da amada no “aeroporto” e no exagero dos filmes teens americanos onde é tudo curtição e vida locagem. Podia ser melhor, mas é uma merda.

NOTA LEANDRO FERREIRA : 3

MÉDIA CLAIRE DANES DO SHITCHAT : Claire está olhando pros lados pra ver se encontra a graça.

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Flores Partidas

broken-flowers-murray(Broken Flowers, Dir. Jim Jarmusch – 2005)

Dando continuidade a pedantísOPS periclitantíssima #MaratonaCannes, meu segundo filme selecionado foi Flores Partidas, de Jim Jarmusch, que nesse ano concorre com um filme de vampiros com a Tilda Swinton.

bolada

bolada

Mas estou aqui para falar sobre esse Road Movie cômico-dramático (no momento, voltando casas no jogo da vida por tamanha pedância) que é Flores Partidas. O filme trata de Don Johnston (que inicia o filme assistindo um filme sobre Don Juan e diversas mulheres brigando pelo amor do cara), muito galã, rapaz de muitas mulheres. Ele recebe uma carta rosa, datilografada e anônima avisando que tem um filho de 19 anos. Com o incentivo de seu melhor amigo meio pancado e o oposto do que é Don, o protagonista vai à procura de seu filho.

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Flores Partidas é típico todo road movie, no qual, na viagem, o protagonista acaba encontrando auto-conhecimento. O diferencial deste é que Don não se interessa por isso, é bastante satisfeito com sua infelicidade. Jarmusch escala um elenco bastante massa para seu filme, porém não o aproveitou tão bem assim, começando com Julie Delpy e Tilda Swinton fazendo figuração (ONDE JÁ SE VIU ISSO GENTE???????????); Sharon Stone e Alexis Dziena sendo piranhas e Jeffrey Wright sendo a Janeane Garofalo do século XXI. Porém, nem todos são desperdícios: Jessica Lange é ótima no que sua personagem propõe. Bill Murray mata a pau, o cara é a infelicidade, o desinteresse e o cansaço em tela, está escrito em sua testa essas definições.

devastada

devastada

O filme é frustrante, porém o intuito do filme é esse, ou seja, o filme funcionou? Sim, mas funcionou tão bem que a frustração foi muito grande e se transformou num af.

NOTA LEANDRO FERREIRA: 7

Alexandre Alves: 8,5
Felipe Rocha: 9,5
Tiago Lipka: 8
Wallysson Soares: 8

Média Claire Danes do Shitchat: 8,2claire 7

Hara Kiri: Death of a Samurai

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(Ichimei, Dir. Takashi Miike – 2011)

Dando a continuidade e terminando a minha colaboração na Maratona Cannes (graças a Deus), a tarefa que me foi dada foi escrever algo do Takashi Miike. Claro que fiquei em chamas, pois pra quem não sabe, Takashi é dos meu diretores favoritos, e fiquei ansioso pra saber o que era Death of a Samurai e a verdade é que não me decepcionei at all.

O filme inicia com Motome se apresentando ao clã de Kageyu para cometer suicídio, mas na verdade era apenas um blindside ninja pra tentar se salvar de alguma forma e ter como ajudar seu filho e sua esposa que estão muito doentes em casa. O que ele veio a pedir acontece e a forma pela qual ele pratica o suicídio é o que vemos dali pra frente no filme: porradas bem dadas no estômago (looks like spoiler, mas não é).

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O filme podia ser uma porcaria, a estrutura não linear não ajuda em nada quando se trata de evitar o ritmo lento, mais especificamente durante o segundo ato, mas o filme não é ruim. Eu me impressiono com o fogo no rabo de Takashi Miike quando se trata de contar histórias e conduzí-las. Em momento algum ele deixa a história ficar chata ou desinteressante e segura bacanamente as duas horas de filme, balanceando perfeitamente a força dos três atos (o segundo especificamente é de matar). Quando se trata de vingança, diferentemente de Tarantino, Takashi não curte rodeios e quando acontece, elas tem sentido.

- Até tu cara? -Sim, Taranta, perdão.

– Até tu cara? – Sim, Taranta, perdão.

As atuações são marcantes. Tem Hikari Mitsushima, que é ótima, porém é ofuscada quando tem como parceiros Munetaka Aoki, que transmite bem o clima de satisfação pela família que possui, além da decadência dos samurais, bem como o desespero no último ato, onde está especificamente espetacular. Pra terminar, temos:

EITA

EITA

HAUISHAISHASAUIHAUIHSUIAHSUIHASUIHAUISHUIAHSUIAHSUIHASUIHAUISHAUIHSAUISHAUSHAUISHAI … Sim, o nome do ator é esse. E não basta ter este nome sensacional, ele é um ator sensacional e, se os primeiros 30 minutos do filme são tão bons, boa parte da culpa é dele. Palmas para Eita.

Death of a Samurai é um filme maravilhosíssimo que retrata bem a época de declínio dos Samurai. Porém é um filme que vai muito além de apenas mais um filme de Samurai. Trata-se de algo que mostra até o quão longe pode ir alguém para proteger aqueles que amam.

NOTA LEANDRO FERREIRA: 10

Alexandre Alves: 10
Felipe Rocha: 6
Tiago Lipka: 10

Média Claire Danes do Shitchat: 9claire de burca

Um Homem que Grita

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(Un homme qui crie, 2010 – Dir. Mahamat-Saleh Haroun)

Olá, querido amigo comentarista super atualizado de blogues que reclama que todos os filmes daqui são antigos ou mainstream, eis mais um especialmente pra você. No caso, dando continuidade à #MaratonaCannes, temos Um Homem que Grita, co-produção Francesa, Belga e da República do Chade, local onde o filme se passa.

Adam, o protagonista, também conhecido como Champion, um senhor tranquilo, amoroso, de família, típico negão boa praça que é apaixonado pelo seu trabalho, o de limpador de piscina de um hotel. Chade, o país onde vive, passa por uma guerra civil (interessante a escolha de não definir época no filme, evidenciando que a situação do país continua é do jeito que estamos assistindo), e o exército necessita de recrutas (voluntários ou não) pra lutar pelo seu país. A opção mais “viável” da casa de Champ é mandar Abdel, seu filho.

Mahamat Saleh-Haroun é um diretor maravilhosíssimo, a eficiência em que ele filma e roteiriza que a guerra em que vivem é algo absolutamente inútil é de deixar Kubrickinho orgulhoso. A atmosfera de felicidade completa no início do filme é o que há de mais interessante, o que torna todo o segundo ato ainda melhor (que possui uma fotografia maravilhosa), sem citar o bacana uso de humor quase pastelão ao mostrar as dificuldades que Champion tem em encarar mudanças bruscas.

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Outra coisa maravilhosa de Mahamat Saleh-Haroun é que além de criar um personagem principal de muito carisma, é a liberdade de deixar seus atores trabalharem, a naturalidade de todos eles é o que mais encanta. Djénéba Koné (será o nome de minha filha, com licença) é de fazer chorar em certas cenas, especificamente a em que ela ouve a fita, literalmente faz chorar. Diocounda Koma (tentem falar este nome em voz alta, faz bem pra vocês, cantores, que precisam trabalhar o diafragma) é bem satisfatória. Youssouf Djaoro (HAUISHAUIHSAUISHAUISHASUI melhor nome) é absurdo, como citei, a mudança de atos que especificam bem o céu e o inferno de Champ (ou de Chade) é acompanhada perfeitamente por ele, sereno e pesado, sem nunca entrar em clichê e o turning point do filme (ou do personagem, como preferir) é um close up tão gostoso que Norma ficaria putíssima que não é dela.

quem esta puta pensa que é

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Um Homem que Grita é um filme sobre o amor (óun) e sobre com quanta força alguém pode lutar por aquilo que ama ou acredita. Trocando em miúdos Um Homem que Grita é um filme extraordinário que você merece assistir.

NOTA LEANDRO FERREIRA: 10

Alexandre Alves: 9
Felipe Rocha: 8
Tiago Lipka: 9

Média Claire Danes do Shitchat: 9,0

claire de burca