(After Earth, 2013 – Dir. M. Night Shyamalan)
Antes de tudo a boa notícia: Depois da Terra é o melhor filme de Shyamalan nos últimos oito anos.
Mas pare e pense com o seu coraçãozinho: mesmo que o Shitchat esteja levemente decepcionado por Shyamalan não ter continuado a fazer um filme pior que o outro… tinha como ficar pior que O Último Mestre do Ar?
Na verdade, tinha tudo pra ficar pior: Depois da Terra é uma ego trip de Will Smith e seu filho, disfarçado de um filme consciente pelo mal que os humanos fazem ao planeta. Mas a verdade inconveniente aqui é que Shyamalan há tempos desaprendeu a como contar uma história de forma coerente, e não precisa de nem 10 minutos aqui pra mostrar isso.
Sem brincadeira: o filme começa com um flash forward aleatório de uma situação de perigo (quando chegamos ao tal momento mais a frente na trama, percebemos que foi das situações menos tensas do filme), passa para um flashback que revela o que aconteceu com o planeta Terra (babaquice, ja que ficaria facilmente entendido no subtexto), apresenta o personagem do Will Smith de uma forma que… enfim, mais sobre isso depois, aí o de Jaden Smith que kkkkk… tá, calma.
A Terra ficou inabitável (zzz) os humanos acharam um novo lar (zzzzzz). Nesse novo lar, criaturas chamadas Ursas começaram a perseguir os humanos. As Ursas são cegas, mas detectam os humanos por feromônios, o ~cheiro do medo~ (kkkkkk, digo zzzzzzzz) e Will Smith é o cara que aprende a não ter mais medo e derrotar as Ursas.
Aí uns anos depois de derrotar as Ursas e estrelar uma sitcom, o Will Smith tem o filho Jaden tentando entrar para os rangers, mas o moleque é burro e fica reprovando direto. Ele acaba viajando com o pai pro espaço e, num acidente com meteoritos ou sei lá o que, eles acabam sendo os únicos sobreviventes na queda em um planeta misterioso (consultar nome do filme), junto com uma Ursa (kkkkk). Mas a Ursa foi parar na parte de trás da nave, junto com um troço que eles precisam, e o Will tá com a perna ferrada, aí o Jaden tem que ir sozinho, mas o Will fica vendo tudo, como se estivesse jogando Doom. Ah, e a Terra virou um lugar perigoso, em que todos os animais selvagens querem comer humanos.
Tudo isso, uma desculpa enorme para: Jaden Smith fazer umas cenas de ação e Will Smith passar 90% do filme sentado. Tá aí um cara que sabe ganhar dinheiro.
Há o discurso de ~aprender a superar o medo~, mas a mensagem vem embalada de forma meio torpe e o monólogo de Will Smith sobre o assunto no meio da história é claramente um discurso baseado na cientologia. Considerando que os roteiristas Shyamalan e Gary Whitta (de O Livro de Eli, outra maravilhaarrgh) trabalham com simbolismos cristãos, prepare-se para uma salada bizarra.
Shyamalan, aliás, tem o seu ~estilo~. mas como provou em seu filme anterior, ele definitivamente não serve para blockbusters. A cena do acidente da nave mostra de forma clara como o diretor simplesmente é incapaz de lidar de forma interessante com um visual mais complexo. Além disso, ele é sabotado por uma montagem desastrosa, que além de manter o ritmo do filme arrastado, cria pequenas elipses com efeitos cômicos: minha favorita é quando num plano Will Smith diz que vai dormir e, menos de um segundo depois, o diretor corta para outro plano em que ele já está dormindo.
Se o filme tem alguma qualidade, é a fotografia de Peter Suschitzky, parceiro habitual de David Cronenberg, mas ao mesmo tempo em que o visual do filme é interessante, especialmente também a direção de arte, os figurinos não convencem. São… ridículos e alguns efeitos especiais são extremamente infelizes (se você riu dos macacos do último Indiana Jones, espere pra ver os desse aqui).
Mas chegamos ao que é realmente crocante em Depois da Terra: Jaden Smith em uma das atuações mais patéticas da história do cinema. Acreditem, não estou exagerando. O guri, que está passando por uma fase… aquela em que algumas coisas crescem, e a voz começa a dar uma mudada… além de não conseguir disfarçar isso (ainda bem – toda vez que tem uma cena dramática fica hilário), ainda consegue superar – com folga – a desgraça que foi aquela participação em O Dia em que a Terra Parou. Já Will Smith que desde os elogios por A Procura da Felicidade não deu uma dentro (errando até no que seria teoricamente fácil, Homens de Preto 3) atinge um novo nível de escrotice ao retratar a ausência de medo no seu personagem através de uma cara amarrada e um beicinho que deixaria Reneé Zellwegger orgulhosa.
Além disso, Will Smith nunca exagerou tanto no seu complexo de Messias, já exibido em Eu Sou a Lenda, Eu, Robô (quando conseguiu estragar um filme de Alex Proyas) e Sete Vidas. Mas exagera tanto, mas tanto que seu personagem não tenta ser apenas um deus ex machina, e sim… Deus sem o ex machina. Referências visuais para isso, não faltam. Tanto que boa parte do filme parece um clipe do Creed (quem já viu um clipe deles, entendeu). E pra encerrar com chave de bosta, o roteiro ainda inclui aquelas piadinhas ixpértas e marotas que a família Smith tanto adora.
Mas o ego de Shyamalan também aparece com auto referências deliciosas: Will Smith no já mencionado monólogo diz que venceu o medo quando estava na água – elemento sempre citado em seus filmes, e que parece fazer referência a Corpo Fechado aqui; quando Jaden chega perto de um vulcão ele sai de… um milharal… Sinais; e, meu favorito, Jaden correndo enquanto seu pai grita que ninguém está perseguindo ele: Fim dos Tempos s2.
E pra encerrar, só posso dizer que sai do cinema só admirando essa família pelo seu dom nos negócios – e com “dom” quero dizer, como sabem explorar bem seus filhos. E vale dizer que fazer isso, na minha opinião, é ridículo.
NOTA TIAGO LIPKA: 1
Felipe Rocha: 0
Média Claire Danes do Shitchat: 0,5 – CALMA CLAIRE, ACABOU MARATONA
GENTE UM FILME NO QUAL WILL SMITH SE SACRIFICA PRA SALVAR OUTRA PESSOA, FIQUEI CHOCADA!!!!!!!!!!!
mas sério maravilhoso shyamola usando água outra vez num filme!!!! fiquei procurando a outra babaquice dele (a dos reflexos) mas tava muito excitado com todas as outras babaquices e não consegui perceber 😦
aliás, bem lembrado: ele parou de fazer pontas nos filmes dele? 😦
depois dele ter se colocado como ~~~o artista genial cuja obra mudará o mundo~~~ eu acho o mínimo do bom senso ele dar um tempo né kkkk
kkkkkk, verdade
Muito bom filme, especialmente esse cara Jaden Smith, que nos mostram como o nosso futuro não se importaria se este planeta também é muito interessante que era hora de nos ver como estelar esta pequena estrela.