O Último Mestre do Ar

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(The Last Airbender, Dir. M. Night Shyamalan – 2010)

Eu assistia o desenho maneiro do Avatar na TV Globinho no tempo que não tinha aquele programa da Fátima Bernardes e pensava que seria massa ter uma trilogia daquilo no cinema. Então falaram que a adaptação ia finalmente sair e comemorei por cinco segundos enquanto o link que eu abri carregava.

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Nunca imaginei na vida que M. Night Shyamalan dirigiria uma adaptação de um cartoon e imediatamente me arrependi de desejar uma trilogia nos cinemas. Manojo tava vindo daquela bosta de Fim dos Tempos que prometia ser um terror foda, mas no final foi mais uma cagada do cara.

Avatar é um cartoon atemporal da Nickelodeon. Tinha uma galera que dominava os elementos (água, terra, fogo e ar), traduzido no filme como Mestres e no desenho como Dobradores. Só uma pessoa no mundo todo dominava todos ao mesmo tempo e esse era chamado de Avatar, que, quando morria, reencarnava em outra pessoa. O mundo vive uma guerra iniciada pela Nação do Fogo e o Avatar, sumido por 100 anos, é encontrado por dois irmãos congelado num iceberg.

kkkkkk

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Se o Manojo não estivesse por trás do roteiro também podia até sair algo menos ruim ali. Porque se tem uma coisa que enche o saco é aquele roteiro (e a direção e as atuações e o conjunto). Shy transformou a Nação do Fogo na Índia. Tinha um recurso “Marcellus Wallace que mostra o rosto só num momento chave” no desenho que deixava fixado naquilo e o Senhor do Fogo dava medo nos caras tudo. No filme isso é destruído e o Senhor do Fogo é um banana; o verdadeiro vilão do filme, na verdade, é o chefe do Peter Parker de Homem-aranha 2.

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detidaa

O Último Mestre do Ar está entupido de explicações desnecessárias e os diálogos são horrorosos <3. É mais ou menos tudo assim:

Int. – Mesa de Bar – Noite
PRÍNCIPE BANIDO PELO PAI COM HISTÓRIA TRISTE:
Ei, garoto aleatório, vem aqui falar minha história pra quem tá vendo o filme sentir pena de mim.

(Corte para)

Int. – Lugar Sagrado – Noite
Tio do príncipe banido pelo pai com história triste cria fogo do nada

SOLDADO 1:
Ele criou fogo do nada!

Isso não é uma ou duas vezes, é o tempo inteiro. Ou seja, é uma tortura assistir o filme e deve ser pior para quem nunca viu o cartoon. Engraçado é que no final ele deixa um gancho para um segundo filme e aquilo é terrível. Nem acabar direito o filme consegue.

kkkkkk

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A deficiência das atuações também não ajuda. Todos acomodados, ativaram o foda-se, talvez cientes de que se meteram numa cilada, Bino. Nada, absolutamente nada, se salva. Sinceramente não dá pra sacar por que um diretor tão promissor tenha entregado ultimamente seguidos fracassos que ele chama de filme. Foi do Oscar ao Framboesa. Senhora Shyamalan, para de dizer que os últimos filmes do seu filho são bons. Faz ele parar. Obrigada.

NOTA RAFAEL MOREIRA: ZERO

Alexandre Alves: 0
Felipe Rocha: 0
Tiago Lipka: 0
Wallysson Soares: 5 (kkkkk)

Média Claire Danes do Shitchat: 1 – Vencedora porque aguentou o filme até o finalclair aliviaaada

Capitão América: O Primeiro Vingador

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(Captain America: The First Avenger, Dir. Joe Johnston – 2011)

Imagina o Malafaia. Agora imagina a Myrian Rios. Agora imagina essas duas, hm, pessoas tendo um filho. Agora imagina que este filho, mesmo bebê, consegue ser trinta mil vezes mais babaca que os pais e fica na creche falando merda sobre gays, negros, mulheres, judeus e canhotos e coletando o dinheiro da merenda dos amiguinhos dizendo que é pra pagar a entrada deles no céu. Aí ele tem uma diarreia. Então, a merda do filho imaginário homofóbico, racista, machista, antissemita e hater de canhoto da Myrian Rios com o Malafaia é mais agradável que este Capitão América.

graciosa e melhor que o Capitão América

graciosa e melhor que o Capitão América

Capitão América: O Primeiro Vingador, como o próprio nome já tá dizendo, tem como único propósito introduzir a personagem como preparação para Os Vingadores, que seria lançado no ano seguinte. E basicamente segue a mesma fórmula sem graça e babaquinha de todo filme da Marvel, que invariavelmente tem um cara lutando para controlar e dominar seus poderes recém-adquiridos para no final se superar e salvar a vida de todos e no meio disso tem uma mulher aleatória fazendo sabe-se lá o que.

Sendo fiel à história da origem da personagem, o filme se passa no início dos anos 40, exatamente no meio da Segunda Guerra Mundial. Recuso-me a falar sobre “patriotismo”, “americanismo” e outras dessas palhaçadas que a galera usa pra falar mal do filme porque a) é babaca; b) 99% dos filmes americanos, em maior ou menor escala, são assim e c) a HQ serviu como propaganda para o exército e a personagem faz o mesmo no filme, então ao menos há coerência.

Para mim especificamente, o problema é ter todo esse trabalho para contextualizar o surgimento do Capitão América, montá-lo como a grande máquina que salvará a galera boazinha dos nazistas e acabará com Hitler e seus amiguinhos escrotos pra no final… o inimigo dele ser um cara com cabeça de pênis.

seriously

sério

Tudo o que envolve o Red Skull, desde a caracterização ridícula até a atuação tosca de vilão de novela do Hugo Weaving é errado e talvez seja a pior coisa do filme. Mas não é a única ruim. No meio desta palhaçada temos oficiais gostosas do exército usando vestidos vermelhos no meio de uma zona de guerra, tecnologia que seria considerada avançada hoje sendo utilizada na WWII e o Tommy Lee Jones com aquela mesma interpretação de velho-amargo-porém-com-bom-coração que vimos nos últimos 44 filmes com ele.

Para os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely, desenvolvimento de personagem é colocar o Chris Evans magrelo num efeito meio estranho e depois transformar ele num armário musculoso. Eles ignoram o ponto que poderia ser a base para um clímax interessante – o fato de que o Capitão América e o Red Skull vieram do mesmo lugar – e preferem investir num romance absurdo e completamente inverossímil entre o Chris Evans e a tal da Peggy (que, aliás, só serve pra isso).

exalando personalidade

exalando personalidade

O diretor Joe Johnston, que eu até não odeio (às vezes uns filminhos bobos tipo Querida Encolhi as Crianças, Jumanji e Jurassic Park III são o suficiente), parece que faz de propósito e abusa, por exemplo, de seus ângulos baixos pra aumentar a vilanice dos vilões – se bem que neste caso até dá pra argumentar que tudo é válido pra tentar deixar o Red Skull um pouco mais assustador ou perigoso e não só babaca. Pena que não funciona, como todo o resto do filme. Mas, sério:

EVERY

EVERY.

SINGLE

SINGLE.

TIME

TIME.

CARAIAA!!!!!!!!!

CARAIAA!!!!!!!!!

E então, depois que a gente aguenta todas as 18 horas de duração deste longa, o Capitão América vai lá e se mata e salva a todos porém ele não morre e fica só congelado até ser encontrado dia desses pra poder lutar junto com os Avengers. Disseram que faz sentido. Ta.

NOTA FELIPE ROCHA: 1.5

Leandro Ferreira: 2
Marcelle Machado: 4.5
Rafael Moreira: 3
Tiago Lipka: 3
Wallyson Soares: 4

MÉDIA CLAIRE DANES DO SHITCHAT: 3

Contra o Tempo

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(Pusher, Dir. Luis Prieto – 2012)

Tipo, tem muito remake que dá certo. Os Infiltrados, por exemplo. Tá que ali é Scorsese então meio que não conta. Deixa eu pensar outro aqui… O Deixa Ela Entrar é quase tão bom quanto o do Thomas Alfredson, o Putinha Tatuada do David Fincher dá uma surra naquela bosta sueca e o amor que eu tenho pelo Scarface de 1932 e pelo de 1982 é exatamente igual.

Mas tem remake que a gente vê e fica chocado, pois é preciso muita falta de vergonha na cara e ter um caráter duvidosíssimo para realizar tais atrocidades. Quem não se lembra da vergonhosa versão do Gus Van Sant pra Psicose? Até mesmo o maneiro Bill Friedkin caga: uma versão de TV de 12 Angry Men que, olha……………………….. enfim, no fim das contas esse Contra o Tempo acaba sendo só mais um desses aí.

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ue

O Pusher original, o qual você pode apreciar uma crítica gostosíssima aqui (com as continuações aqui e aqui), era todo complexo, com personagens multidimensionais e tão realista que chegava a dar medo. Este remake é apenas: tosco.

São algumas as cagadas feita pela dupla Luis Prieto e Matthew Read. Comecemos do início: todas as personagens são vazias. Elas existem exclusivamente para fazer com que a plot do filme vá pra frente e, por isso, são todas toscas e eu queria apenas que fogos de artifícios fossem colocados nos ânus de todas elas e depois fossem acesos ao som de Firework de Katy Perez.

Outro erro dos otários: 90% das cenas são exatamente iguais às do original e os outros 10% têm poucas diferenças. No fim, é tudo apenas uma cópia mal feita e sem um pingo de originalidade.

até o Milo trouxeram de volta,,,,, sorte deles que <3 Milo <3

até o Milo trouxeram de volta,,,,, sorte deles que ❤ Milo ❤

A única grande diferença entre os dois filmes é justamente no visual. Este Pusher versão 2012 é limpinho, bonitinho, sedoso, gostoso, cheiroso. Quase a pele da Xuxa depois do banho de Monange. Não bate com a atmosfera que Prieto tenta criar.

Pra falar a verdade, este filme só serviu para elucidar um mistério: por onde anda certo jogador de futebol bem mais ou menos que andou fazendo uns três ou quatro gols pelo Vasco numa época que tinha Eurico Miranda de presidente e Renato Gaúcho de técnico, mas que era meio mercenário e acabou chutado do futebol. Boatos que ele tinha ido dar aulas de soccer nos EUA, mas na verdade ele virou ator.

vem chupar meu pau obina o caralho é leandro amaral, diziam os bacalhaus em 2007 rsrsrsrsrs

vem chupar meu pau obina o caralho é leandro amaral, diziam os bacalhaus em 2007 rsrsrsrsrs

Enfim, gostaria de encerrar relembrando o melhor momento do filme: a briga na boate. Começa a briga generalizada, aí de repente a briga para e todos dançam. É tipo West Side Story, gente. Impressionei.

NOTA FELIPE ROCHA: 2

Marcelle Machado: 6.5
Tiago Lipka: 6

Média Claire Danes do Shitchat: 4.83

A Fuga

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(Deadfall, Dir. Stefan Rurowitzky – 2012)

Normalmente se fode o diretor vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro que aceita o convitinho de Hollywood para filmar uma dessas merdas que eles fazem toda hora. Dei uma pesquisadinha e nos últimos 10 anos aconteceu com o Gavin Hood, que depois do crocante Tsotsi foi lá fazer RENDITION com Reese-Devolve-o-Oscar-da-Feliticy, e com o Florian Henckel von Donnersmarck, que conseguiu a façanha de passar de The Lives of Others pra TURISTA com Johnney Deppe e Angelina Jolinha. E agora esta lista ganha mais uma adição: Stefão Ruzowitzky, que levou o Oscar com Os Falsários e resolveu que seria manero filmar esse A Fuga. Fico pensando o que leva uma pessoa a tomar tal decisão.

hmmm

hmmm

Mas assim, visualmente falando, o filme não é tão ruim assim não. A cena do acidente, apesar de previsível, é bonita. Logo depois disso, quando o Charlie Hunnam telefona para casa, o diretor usa dois enquadramentos diferentes para filmar o cara falando com o pai e com a mãe. Tem uma sequência de perseguição na neve ali em algum lugar perto da metade do treco que também é legal. Mas acho que é só isso.

O roteiro é todo estabelecido em cima de uma característica comum aos personagens: os daddy issues. Todos os personagens, incluindo a inútil policial, têm problemas com seus papais. E se você considerar essa característica e o final tosco desse filme, Deadfall é basicamente uma versão mais curta e na neve de certo programa cheio de luz.

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no final eles foram resgatados pelos pais e tudo acabou bem

Charlie Hunnam envergonhou o pai num negócio de entregar uma luta de boxe (“eu não mereço me sentar à sua mesa” kkk). Kate Mara é uma policial que trabalha para o pai, o xerife, que não a deixa trabalhar direito porque ela é mulher e ela tem que provar que é merecedora – apesar de passar pro FBI e jamais mencionar isso, tipo, nunca. Olivia Wilde é a que mais sofre, primeiro com o próprio pai abusivo e depois com o Eric Bana, o irmão sociopata que é a figura paterna dela.

E os problemas de Deadfall não são só as personagens mal construídas. Se fosse só isso a gente dava um desconto e ficava satisfeito só com a Olivia Wilde aparecendo toda hora na tela. Pra se ter uma noção, tem uma hora que acontece uma luta entre o Eric Bana e um cacique. O cacique, aliás, havia recebido infos da esposa morta que seria atacado.

Allison Dubois

Allison Dubois versão Guarani-Kaiowá

O clímax do filme, o jantar do Thanksgiving, era pra ser tenso e imprevisível, mas acaba apenas ridículo. Os diálogos (do filme inteiro, mas especialmente nesta cena) parecem ter sido escritos de sacanagem e toda a ação é baseada em coincidências, como o que leva os dois policiais à casa ou o fato de o Eric Bana não ter ouvido a segunda mensagem da Olivia Wilde. E também acontece isso.

wait for it

wait for it

eita

eita kkk

Tipo que eu provavelmente levei mais tempo pra escrever este texto do que o Zach Dean levou pra terminar o roteiro. E, falando em tempo, terminei o filme tendo certeza que tinha assistido a alguma coisa de quatro horas de duração. Chocado que foi só 1 hora e meia. Chocado.

OBS: repare como eu não mencionei minha ídola Sissy Spacek. Me recusei. Obrigado.

NOTA FELIPE ROCHA: 3.5

Marcelle Machado: 5.5
Tiago Lipka: 6
Rafael Moreira: 4,5

Média Claire Danes do Shitchat: 5.0